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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"A ilha" na sociedade do automóvel.

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Para pensarmos o direito a cidade, temos de pensar em grande escala, mas também na pequena escala.

O Movimento Passe Livre tem o foco no transporte público, mas o horizonte no direito de todas as pessoas terem acesso à cidade. Cidade como algo que construimos todos os dias, então por isso ela é nossa.

Muitas coisas estão entrelaçadas neste caminho até o objetivo.
Podemos dizer que a desmercantilização do transporte é um ponto a ser conquistado, ou seja, que transporte não seja mais visto como mercadoria, como forma de lucrar.
Outro problema é como a cidade está sendo construída (e para quem?).
São várias obras urbanas, sem ciclovias, sem faixa de pedestres e as vezes até sem calçada. Muitas partes da cidade são feitas só para carros. Uma cidade para os automóveis. Parece que é para isso que nos encaminhamos. "Mas nada pode parecer impossível de mudar".

Devemos repensar isso, precisamos de uma cidade feita para as pessoas e que nela possamos viver, habitar e usufruir de suas qualidades, assim como procurar corrigir os seus problemas.
Tão simples e óbvio.

Entender a cidade como nossa.

contribuição individual



Segue uma crônica fantástica do ambiente urbano sob a égide do carro individual:

Curta-metragem A ILHA
Produção: OZI Escola de Audiovisual de Brasília

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ato do dia 23/10/2013 e repressão à paisana.

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MPL-SP 3ª Parte - Semana nacional de luta - Fotos do ato da extremo sul


URGENTE!

Ato com 500 pessoas, saindo da Belmira Marin (Extremo Sul) em direção a ponte do Socorro foi reprimido pela Polícia na Av. Robert Kennedy, com uso de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de borracha.

Temos notícias de mais de 30 presos, incluindo militantes do MPL e outros movimentos sociais e organizações da região e crianças. Estão sendo encaminhados para o 101 DP.

No processo de repressão ao ato de hoje por melhorias no transporte público no Extremo Sul a Polícia tentou prender um advogado que defendia os manifestantes.

Se alguém tiver vídeos ou fotos desse momento, envie para gente por favor!

TODA FORÇA PRA QUEM LUTA POR UMA VIDA SEM CATRACAS!
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FONTE
http://www.midiaindependente.org/pt/red/2013/10/525868.shtml

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Sistema de Transporte e suas reformas contra o povo.

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Quando, nós o povo, falamos em problemas no sistema de transporte, não demora muito os empresários+governo gritarem soluções esdrúxulas, que nunca foram as que pedimos.

Eles propõem:
- Obras de todos os tamanhos nas vias;
- Velocidade de deslocamento - BRT;
- Menos cadeiras para ter mais espaço;
- Mais dinheiro para os empresários;

E agora...


Ceturb quer tirar comerciantes de terminais do Transcol

Companhia deu prazo para saída até 31 de dezembro; associação de comericantes promete protesto nesta quinta-feira (29)

Outra queixa dos comerciantes é que, apesar de a Ceturb alegar que não haverá mais quiosques nos terminais, dia após dia surgem novos módulos destinados à empresas telefônicas ou imobiliárias.





http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/08/noticias/cidades/1458392-ceturb-quer-tirar-comerciantes-de-terminais-do-transcol.html

Da luta contra o aumento ao Direito à Cidade

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O Movimento Passe Livre tem sua fundação totalmente entrelaçada as lutas contra o aumento das passagens no transporte público. Mas partindo deste ponto, e dos muitos protestos que ocorreram na última década, compreendemos que devemos ser mais do que apenas uma manifestação de reação aos aumentos no preço da tarifas.
O nosso sofrimento se dá todos os dias, mesmo fora do deste período. E mesmo que as passagens tenham baixado ela ainda permanece como um problema.
A principal imagem deste problema, e que muitas vezes parece a raiz dele, é a roleta.
A roleta, longe de ser a colega dos cobradores que trabalham nos ônibus, representa na verdade o empresário do transporte que diz:
"Qualquer pessoa só pode trafegar pela cidade se tiver dinheiro."
[e esse dinheiro vai para quem?]

É esta a cidade que queremos?





quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mais que uma concessão irregular a inexistência de um Serviço Público de verdade

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A Constituição Federal em seu art. 21 deixa claro que: “Compete à união: XII – explorar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: a os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; e aos municípios” V – organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial. O que significa que a prestação do transporte público pode ser efetivada por meio de concessões à iniciativa privada, só que, para que isso aconteça é necessário que se realize, segundo art. 175 da CF, “[...] sempre através licitação”. 

Segundo o periódico Primeira Mão, em sua edição 131, de abril 2013[1], os contratos do sistema transporte coletivo público do estado do Espírito Santo estão vencidos há 10 anos, neste sentido a sua operação se realiza de forma irregular, pois, as concessões foram prorrogadas por “leis inconstitucionais”, ou seja, que ferem a carta magna, que obriga a permissão ou concessão do serviço realizando-o sempre através de licitação. 

Após batalhas na justiça que, incluíam uma Ação Popular em 2005, por meio do Advogado Luis Fernando Nogueira, questionando os atuais contratos firmados sem licitações públicas, entre governo estadual e municipal com 26 empresas prestadoras do transporte coletivo metropolitano da Grande Vitória, também um recurso da Procuradoria Geral do Estado (PGE) acatado pela justiça e que requeria a reformulação da condenação do estado em 2007, em primeira instância, obrigando-o a pagar uma multa de 500 milhões às empresas transporte por supostos prejuízos às mesmas na operação do serviço[2], o governo do Estado convoca, em meio a um contexto de ebulição social provocado pelas manifestações populares que romperam a cena política do Brasil a partir de junho deste ano, e que tinham a pauta do transporte e da mobilidade urbana enquanto eixo crucial, uma audiência pública “para coleta de subsídios para modelagem de licitação, na modalidade de concorrência para a Concessão da Prestação e Exploração do Serviço Público de Transporte Coletivo Urbano” de passageiros da Região Metropolitana da Grande Vitória.[3]

O que não fica claro na convocação da audiência é se ela terá caráter deliberativo (aparentemente não), e que, portanto, se a maioria dos representantes da sociedade civil, presentes na audiência, decidirem por outra forma de prestação do serviço, levando em consideração, além da péssima qualidade e os preços abusivos das tarifas, a decisão judicial que tornou nula as atuais concessões, se o governo acatará as decisões e as colocará em prática. A própria constituição garante a recisão da concessão no mesmo art. 175 “Parágrafo único a lei disporá sobre: I- (...) o caráter especial de seu contrato(...) bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão.”

Seria importante também, aproveitando o ensejo, que o Ministério Público do ES (MPES) ou mesmo os movimentos sociais, via Ação Popular, revertam tal cobrança exigida pelas empresas em multa a ser paga pelas mesmas aos usuários do sistema, pela má qualidade dos serviços prestados[4], assim que o pagamento desta multa se efetive na diminuição da tarifa, subsidiando o transporte e afetando os lucros abusivos destes empresários.

O governo do estado mais uma vez demonstra a sua total irresponsabilidade e destreza com anseios populares e democráticos da sociedade capixaba que, reivindica há muito tempo que o transporte coletivo urbano deixe de ser um instrumento de privilégio exclusivo e de lucro de uma elite corporativa com tentáculos em diversas esferas de governo, para se tornar um serviço verdadeiramente público, operado diretamente pelo estado em conjunto com os usuários do sistema por meio do controle social. 

Em suma, em consonância com as reivindicações populares, o Movimento Passe Livre e diversos outros movimentos sociais, defendem que o transporte seja realmente encarado como direito social, e que efetivação deste direito enquanto tal, se estabeleça nos marcos de uma Política Pública, como a saúde e a educação, e sem a presença das empresas privadas, orientadas aos lucros exorbitantes. Será uma vitória crucial para o movimento popular, portanto, o fim dessas concessões, e também a realização da tão sonhada Conferencia Estadual de Mobilidade Urbana com caráter deliberativo. Assim poderemos exigir que sejam observados os princípios constitucionais que prezam pela primazia do e no dever inescusável do Estado na prestação dos serviços públicos e na supremacia do interesse público[5].

E isso só é possível a partir da mobilização social, para forçarmos aos governantes cumprirem a agenda dos movimentos sociais e não a das empresas e, para que se realmente efetive a participação da sociedade civil nas decisões que se referem aos interesses públicos, tanto aos direitos sociais, quanto a política econômica do estado, a parte “intocável” da administração pública.

Em ultima instância a luta pela reforma urbana, pelo direito a cidade e pela Tarifa Zero, presente nas reivindicações populares, e no que toca principalmente ao financiamento e a prestação dos serviços de transporte coletivo, deve colocar em evidencia as estruturas de poder na medida em que se torna compreensivo para a população em geral, o quanto é ilógico algo ser público e precisar de tarifas para que seja sustentável, visto que o povo paga uma gama enorme de impostos, também quando se perceber que os investimentos milionários nas campanhas da maioria dos políticos eleitos vêm exatamente dos lucros proporcionados por essas tarifas.

Se isso for visível à população, a luta contra a corrupção deverá romper a aparência do fenômeno, que se apresenta na suposta condenação de políticos corruptos. A sujeira denunciada nos autos escalões dos vários governos brasileiros, independente de partidos a frente dos mesmos, é só ponta do iceberg, a parte visível de um edema crônico da sociedade Brasileira. A corrupção está entrelaçada como um “balaio” e se sustenta, nos lobbys, nas campanhas eleitorais, no favorecimento das licitações, nas mídias corporativas e etc.

Em paralelo a isso, é necessário descobrir e informar quem são as poucas famílias/corporações que mandam e desmandam neste estado. Aos poucos as informações estão surgindo, já se tem a noção da influencia do Grupo COIMEX (leia-se também Rodosol), no Governador Renato Casagrande e diversos outros políticos (deputados, prefeitos, etc)[6]. Cabe agora descobrir quem são os fantoches das empresas de transporte e redes televisão, mas, pelo que parece, não sendo alguns poucos outros, são as mesmas figurinhas batidas que se revezam no poder[7]. Assim os trabalhadores farão o raio-x de seus exploradores a olho nu.


[1]Sobre Licitações que não existemin Primeira Mão, edição 131, de abril 2013, p.24-26. Revista do Laboratório do Curso de Comunicação Social da UFES.
[4] Além dos atrasos constantes, superlotação, e a tarifa caríssima, outro fator que evidência a péssima qualidade do serviço está, na compra indiscriminada de ônibus convencionais (mais rústico, com motor dianteiro e chassi de caminhão) mais baratos que os padrons (como motor traseiro e suspensão a ar que possibilita absorver mais os impactos). Mais informações em: “Novo Transcol?” in Primeira mão, edição 130, de abril 2013, p.21-22. Revista do Laboratório do Curso de Comunicação Social da UFES. Outra evidencia da péssima qualidade na prestação deste serviço está na morte de um rodoviário por falha técnica em veículo da frota da empresa Satélite:
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2012/09/motoristas-fecham-terminal-de-itaciba-apos-morte-de-colega-no-es.html.
[5] Mais sobre os princípios constitucionais do Estado em: http://www.ferreiraferraz.adv.br/ff.qps/newsview/442D3562683110350325756C007B1F53.
[6] Para ver as doações de campanha dos políticos e as ligações destes com as empresas que os financiam acessar https://www.facebook.com/hackdayes; página de ativistas que informa a composição da doação de campanha dos políticos. A campanha do governador Renato Casagrande pode ser vista no link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=163520177168063&set=pb.162762323910515.-2207520000.1375828130.&type=3&theater.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

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A farsa da perícia que incriminou um ativista do MPL, estudante do curso de Serviço Social da UFES


Nesse mês de julho, por conta das manifestações, o monopólio da imprensa (A Gazeta), em tom de ameaça, divulgou que a 'justiça' capixaba teria condenado um estudante do curso de Serviço Social da UFES, por porte de ‘explosivos’ e desacato a autoridade policial, em manifestação contra os empresários do transporte, no sindicato patronal, no ano de 2012.

A condenação é uma prova cabal do tratamento desigual que o poder judiciário dá aos lutadores do povo e aos elementos das classes dominantes, a lembrar o verso:

“Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.”

Recentemente, adotando parecer do Ministério Público, a 'justiça' do Espírito Santo anulou processo criminal, decorrente da operação dita Derrama, que evidenciou desvio de recursos públicos por uma vara de políticos, sob o argumento de que as provas, gravações telefônicas comprovando o recebimento de propinas, seriam ilegais, pelo singelo motivo de não terem sido previamente autorizadas pelo Tribunal, sendo os figurões envolvidos pessoas do alto escalão da podre política estadual.

Já em relação ao estudante, a conduta da ‘justiça’ foi diferente. A juíza Maria Cristina de Souza Ferreira se deixou levar pela manipulação da polícia civil, mesmo alertada da nulidade da perícia no "artefato explosivo" (um sinalizador, mero brinquedo pirotécnico, composto por salitre e açúcar, e que produziria no máximo fumaça), porque não acompanhada pelo acusado ou seu advogado, e na qual, inclusive, as provas foram destruídas.

Na sequência de fotografias, abaixo, uma comparação entre o brinquedo pirotécnico e o artefato supostamente explosivo[1]. Depois, algumas outras fotos apresentadas como registro da perícia, observa-se o que seria a explosão/destruição do artefato, não o encontrado com o acusado, mas o manipulado pela polícia:




Prestemos atenção ao “teatro” de operações, ou seja, um terreno com cascalho tendo fundo um descampado, para onde teria sido lançado o tonel de aço pelo suposto deslocamento da explosão.

Na fotografia abaixo, observa-se dois policiais, um deles bastante sorridente - fazendo troça -, efetuando a medição do deslocamento do tonel de aço, para comprovar o poder da explosão. Ora vejam: ao fundo há árvores, não o descampado que aparece nas três fotografias iniciais, uma prova evidente que tudo não passou de uma manipulação grosseira da Delegacia de Armas de Munições.


Abaixo, a fotografia dos ingredientes do artefato dito explosivo e do leite de magnésia, contida na perícia:

O mais absurdo é a destruição das provas pela polícia civil, que poderia efetuar a perícia apenas com uma análise química das substâncias ali contidas, não uma explosão sob as câmeras do monopólio da imprensa, que foi convidada e acompanhou a encenação.

Sem provas, não poderia haver condenação. Mesmo assim, foi requerida pela defesa uma nova perícia, com a montagem de outros artefatos, seguindo as fórmulas do acusado e da polícia, e que seria acompanhada por um químico, indicado pelo acusado. Tal requerimento foi indeferido pela ‘justiça’, porque, certamente, jogaria por terra a ficção da polícia capixaba.

Não bastasse a absurda acusação de porte de explosivos, o acusado também foi acusado de desacato, porque na mentirosa versão da polícia militar, teria borrifado um líquido sobre a farda de um policial. O líquido, na verdade, era leite de magnésia, inofensivo, e foi usada para proteger os olhos dos manifestantes do gás lacrimogêneo, arma química lançada pela polícia, criminosamente.  Os policiais militares que testemunharam em juízo negaram o uso do gás contra os estudantes, crime confirmado por uma testemunha da própria acusação, empregado do Sindicato das Empresas de Transporte. Portanto, mais um crime da polícia: falso testemunho.

A condenação do militante, aluno do Serviço Social da UFES, é uma demonstração do tratamento desigual da ‘justiça’ brasileira, a depender da origem social do réu, e desnuda o caráter opressor desse Estado criminal, protetor de todos os monopólios, das terras, do transporte, de todo o capital, enquanto lança sobre operários, jovens e camponeses suas hordas de mercenários, de todos os uniformes.









[1] A imagem comparação dos dois objetos são: do lado esquerdo, de numero (1), a ampliação da foto de uma matéria de A tribuna do dia 10 de fevereiro de 2012, página 4, caderno Cidades, disponível em http://pdf.redetribuna.com.br/ ; do lado direito, de número (2), foto tirada no dia da perícia leviana e que se encontra disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/02/noticias/cbn_vitoria/reportagem/1121000-estudante-preso-com-explosivos-deixa-prisao-veja-explosao-da-bomba.html .

domingo, 21 de julho de 2013

Manifestações populares, “pacifismo” e estado autoritário [1]

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“Não se pode separar paz de liberdade porque ninguém consegue estar em paz a menos que tenha sua liberdade.” Malcolm X

Estado de Sitio[2]

Mais um ano com as velhas e permanentes histórias pra boi dormir: a farra dos políticos e dos empresários capixabas. Em 2011 participamos de vários protestos e manifestações, reuniões e “diálogos”, com o governo e com a polícia, mas nada foi resolvido. Depois que estudantes e trabalhadores tomaram a cena ao lutarem por uma vida mais digna, mais justa, ou pelo menos por um transporte realmente público - o que implicitamente já carrega as duas premissas anteriores – os políticos e o governo tentaram roubar a cena e fizeram até “protesto”, só que o deles é para ter um pedaço maior na partilha das riquezas produzidas pelo pré-sal, que beneficia os já beneficiados pela exploração do transporte coletivo e interestadual, dos pedágios, dos produtos das indústrias vendidos na cidade – comprados por haver possibilidade de locomoção (transporte) para usufruto dos serviços das cidades – os empresários, ou se preferir bene-financiadores de políticos.

Estudantes e trabalhadores interditam ruas e botam fogo em pneus exigindo a redução da passagem, políticos interditam a BR e também incendeiam pneus querendo a maior parte da riqueza do pré-sal para os estados produtores. Estudantes seguem em protesto o ano inteiro, governo e políticos fazem “protesto” milionário com direito a Dudu Nobre e Gabriel Pensador. 

No início de 2012 enquanto aguardávamos não tão esperançosos o cumprimento da pauta entregue a governador, ouvimos mais uma das historinhas: outro aumento de passagens. A revolta é imediata, então, mais uma vez saímos às ruas e gritamos alto para que algo fosse feito. Sim foi feito, a mesma coisa que no ano passado, somos recebidos pelo diálogo de fumaça e bala de borracha do governo Casagrande e do BME. E ainda, somos obrigados a engolir que já fomos atendidos. 

Digam todos, até quando vamos acreditar nessas historinhas da carochinha? Enquanto o governo, os empresários e a mídia tentam criminalizar os movimentos sociais a fim de tentar convencer a “opinião publica” que somos “vândalos” e “baderneiros”, o mesmo governo testa um super-blindado tipo caveirão, com metralhadoras giratórias e jato d’água super potente para dispersar massas. Enquanto no articulamos nas redes, somos grampeados, investigados, acusados, filmados – pelas câmeras dos P2 nas manifestações, pelas centenas de câmeras de vigilância instaladas pela Grande Vitória e pelo reality show da mídia corporativista.

Não devemos aceitar as criminalizações, não estamos mais numa ditadura militar. E o que percebemos é que existe sim, nas palavras de um companheiro de luta, uma “democracia militar”, ou seja, a militarização da sociedade e das relações sociais. As acusações de que a ação de incendiar um ônibus no protesto contra o aumento de passagens no dia 11 de janeiro de 2012 seria premeditada e teria ligação com um grupo criminoso, tem o intuito de ser um golpe rasteiro do governo aos movimentos sociais, a própria declaração do Governador confirma isso: “O governo sempre esteve aberto ao diálogo. Não há conversa com quem comete crime, mas o movimento é uma mobilização que tem muitas pessoas que querem a melhoria do transporte coletivo e nós compreendemos isso. É preciso que entidades respeitadas da sociedade capixaba possam assumir efetivamente essa relação com o governo. Queremos avançar ainda mais com o que diz respeito ao transporte coletivo[3]. Quais seriam as entidades respeitadas? As empresas, as entidades estudantis e sindicatos burocratizados e ligados ao governo, que anualmente votam a favor do aumento tarifário?

Outro absurdo é associar o livro de Sun Tzu “A arte da guerra”, encontrado na casa do estudante acusado de incendiar o ônibus, a conteúdos de guerrilha. Será que só pessoas que pertencem a grupos caracterizados como “criminosos” leriam um livro como esse? Será que essa assertiva não vale também para o livro de Maquiavel “O príncipe”, bastante indicado em disciplinas de Ciência Política e bastante lido por políticos de renome? Um livro, assim como o de Sun Tzu, escrito há anos atrás. E que afirma: na disputa de poder é preciso conquistar ou eliminar (via prisão ou assassinato) os súditos do reino anterior, além é claro, de exterminar seus inimigos, se o novo príncipe, ao qual Maquiavel faz alusão, deseja sucesso e estabilidade em seu reinado. Não estaríamos diante de manuais que incentivam ao assassinato? Políticos não estariam aprendendo as maneiras de eliminar adversários políticos, no sentido literal da palavra?

Fato é que, estamos diante de uma conjuntura em que é preciso assumir efetivamente quais são os nossos posicionamentos políticos, ser de esquerda não significa apenas ser “militante de facebook”, ou aderir ao "vem pra rua”, ainda mais para os jovens, pelo seu protagonismo e por sua atitude potencial criadora. Os jovens em todo mundo estão tomando os rumos de suas sociedades, os jovens árabes, norte americanos e europeus estão mostrando isso, mesmo que custem as críticas dos mais reacionários, no que diz respeito aos métodos empregados pelos mesmos. O engraçado é perceber o quanto aqui na periferia, na América Latina, na Colômbia, no Chile, no Brasil, no México, milhares continuam nas ruas, ocupando, enfrentando a polícia, desaparecendo, sendo mortos, mesmo assim, continuamos sendo chamados de “baderneiros” e “vândalos”, afinal a ditadura já passou e estamos numa “democracia consolidada”, lá é a primavera árabe, aqui a “baderna”. Será?

Estamos em um Estado de Sitio, a guerra é velada, todos os dias somos explorados, torturados, injuriados. Obrigam-nos a aceitar essa hipocrisia diária, enquanto realizam seus diálogos para as próximas eleições, lobbys e concessões públicas. Nesta conjuntura, se nos negam a verdadeiro diálogo precisamos assumir a postura de combatentes, pois segundo o Educador Paulo Freire: “O diálogo se dá entre iguais e diferentes, nunca entre antagônicos. Entre esses, no máximo, pode haver um pacto. Entre esses há sim, conflito de natureza contrária ao conflito existente entre iguais e diferentes.” Ou seja, o conflito não só de ideias, mas de ações. 

Violento é o governo que sempre escolhe pela repressão, não temos direito de escolha quando recebemos interditos proibitórios e mandatos reintegração de posse, ou quando devemos dispersar ao decidirem (o governo e sua corja) que não podemos mais ocupar vias públicas. Aí não existe diálogo, ou saímos ou somos reprimidos como sempre acontece. 

Lutar não é crime, violência é um ato praticado por pessoas contra pessoas, não contra coisas! Até agora a violência sempre partiu do governo e seus lacaios.

Recrudescimento do Estado Policial e da “democracia militar”

 A revolta popular em relação à conjuntura social brasileira, no que diz respeito à política e a os interesses públicos, tem provocado e demonstrado a medida crescente da militarização/centralização do estado e das instituições quanto às liberdades civis e políticas. A prisão política de mais de 80 manifestantes no ultimo protesto realizado na capital capixaba [4]e em outros estados como Rio e Natal são a expressão disso, além é claro das pressões atuais para a ligeira aprovação da lei de Terrorismo no Brasil, que seria, mediante a realização disto, a tacada final do estado autoritário contra as insurreições populares.

O caos arquitetado por uma elite política/econômica, tem se realizado pelo prevalecimento da exploração privada sobre a prestação dos serviços públicos e do interesse das grandes corporações quanto aos governos nacionais e regimes políticos em diversas partes do globo. Não pela “anarquia”, “vandalismo” e “violência” – classificações dos representantes oficiais do estado autoritário – característica de certas formas de mobilização social na atualidade. O discurso autoritário é a ferramenta dessas elites para a legitimação da verdadeira violência praticada pelos governos dos ricos, se é que exista governo para os pobres!

A destruição de símbolos da propriedade privada, dos prédios públicos, a abordagem e repercussão deles, especialmente no Brasil, não dizem respeito simplesmente à suposta ação deliberada de grupos “radicais” ou “criminosos”, o que sistematicamente tem se realizado é, na verdade, a tentativa de convencer a “opinião pública” de que, quem está nas ruas, realizando protestos, bloqueios, piquetes, ocupações, marchas, enfim, que lutar por uma sociedade com equidade e justiça social não pode ameaçar a status quo. E que, portanto, as insatisfações populares devem ser expressas de forma “ordeira” para que não ameace a paz. Ou seja, intensifica-se a criminalização das revoltas populares e dos movimentos sociais. Devo concordar sim, que essas revoltas ameaçam a paz, mas a paz dos ricos, pois os pobres talvez nunca à conheceram, além da violência diária de pagar caro para sobreviver (comida,impostos,transporte) o povo pobre e da periferia é exterminado pela polícia e pelo tráfico cotidianamente.

A ação direta, simbólica e contra as instituições são a expressão de que o povo não aguenta mais ser explorado, alienado, violentado e assassinado. Não é possível afirmar que vivemos e uma guerra civil aberta, como em países árabes e africanos – há uns que acreditam se aproximarmos de uma “quarta guerra mundial” de paus e pedras – mas que a ação orquestrada pelos “donos do poder” tem em si, o Brasil como um laboratório, isto é um fato. Aqui se testa a capacidade de controle de um suposto “estado democrático direito” sobre oprimidos, também no amortecimento desse estado nas transformações radicais necessárias e proeminentes a serem realizadas por estes oprimidos.

Rio +20, Jornada da Juventude, Copa, são as pesquisas e investimentos multimilionários na realidade brasileira e “testes” da capacidade dos governos e do braço repressor do Estado em “segurar as rédeas” da nação. Isso, porque o povo ainda tem receio ou “trauma” de uma ditadura militar aberta, mesmo que muitos reaças suspirem com aspirações conservadoras infiltradas e enfiadas (pela mídia corporativista) nas mobilizações populares. Os milicos estão com a mão “coçando” para galoparem por mais algumas décadas com as rédeas nas mãos, mas isso ainda não pode ser realizado assim, as caras, no Brasil, onde há três anos, tudo era promissor e a crise mundial seria uma “marolinha”. Ao mesmo tempo esses mega eventos são uma franquia temporária para a indústria bélica e esportiva. A tendência é o aumento da demanda de armas não-letais[5], para aquecer esse mercado, já que por exemplo, na conjuntura atômica, a industria bélica não pode contar com a ajuda de uma corrida armamentícia,  portanto se estrutura (o mercado bélico) no imperialismo e  no mercado negro.

As dinâmicas das revoltas populares tem suscitado um debate profundo que precisa amadurecer nos movimentos sociais. Entre violência e não violência. Não podemos continuar permitindo que a mídia corporativista continue a dar o tom dos protestos enfatizando que uma maioria que está nas ruas de forma “pacífica”, e que o suposto “pacifismo” e a não-violência sejam as únicas formas de se efetivar transformações radicais. Na verdade a não-violência é ineficaz, racista, estatista e patriarcal[6]. A história tem demonstrado que poucas transformações radicais foram realizadas sem influencia da ação violenta. O que não significa dizer que estou realizando uma apologia à violência que impera na sociedade brasileira. Mas que ela (a violência) tem natureza política e de classe, e que, portanto é praticada por ambos os lados, desde o estado e os ricos aos explorados. Na verdade o estado até tenta ter o monopólio da violência.

Existem análises recentes afirmando que o pacifismo e não-violencia, nessa conjuntura brasileira, são sim tentativas de se travar transformações radicais, ações contrarrevolucionárias[7], e que favorecem, portanto, a própria violência estatal, também a corrupção[8].

Precisamos intensificar a luta em defesa das liberdades civis e democráticas, contra a criminalização dos movimentos sociais, pela desmilitarização da polícia e pela anistia aos presos políticos na democracia, não só os das recentes mobilizações, mas os presos das lutas anteriores como: contra o aumento das passagens, contra as remoções e das desocupações das favelas, dentre outras com este caráter desafiador das instituições. Também para que se criminalize e puna severamente os políticos corruptos e a violência policial nas periferias brasileiras.
 
“Se na há justiça para os pobres que não haja paz para os ricos!”
“Paz sem voz não é paz é medo!”
“Faço guerra contra falta de paz!”



[1]Haimon Verly Bacharel em Serviço Social pela UFES e integrante do Movimento Passe Livre Grande Vitória (MPL_GV).

[2]Este primeiro tópico é uma revisão com acréscimos do texto escrito em 2012, numa conjuntura de luta contra os aumentos de passagens, no período logo após em que um estudante foi detido, supostamente, por incendiar um coletivo naqueles protestos e antes de eu mesmo ser preso injustamente por, supostamente, portar material explosivo em uma ocupação do prédio do SETPES em Vitória. Os materiais encontrados comigo se tratavam de brinquedos pirotécnicos (feitos de açúcar e salitre) que foram manipulados levianamente pela polícia e pelo governo do estado transformando-se, segundo eles, numa arma extremamente letal com poder de fogo de um fuzil. Fiquei preso sete dias em um presídio e respondo criminalmente até hoje.

[5]Segundo matéria “[Não tem dinheiro pra tarifa zero?] Armas não letais vagas de garagem e cursos segurança da copa já consumiu RS 500 milhões” de Lúcio de Castro. A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE), criada em 2011 e subordinada ao Ministério da Justiça, já gastou mais de setenta milhões (R$ 71.254.343,10) desse montante, com artigos de repressão como bombas de efeito moral, spray de pimenta, balas de borracha, granada lacrimogêneo com chip de rastreamento e armas elétricas. Dos 71 milhões, quase cinquenta milhões são de contrato com a Condor S.A Indústria Química que foram amplamente utilizados na “Primavera Árabe”. Fonte: http://tarifazero.org/2013/08/09/nao-tem-dinheiro-pra-tarifa-zero-armas-nao-letais-vagas-de-garagem-e-cursos-seguranca-da-copa-ja-consumiu-r-500-milhoes/.

[6]Livro muito interessante de Peter Gelderloss (2004) “Como a não violência protege o estado” disponível em http://pt.protopia.at/wiki/Como_a_N%C3%A3o-Viol%C3%AAncia_protege_o_Estado acesso em 21/07/2013.
[8]Fonte: http://espiritodotempo.org/sitio/node/1 acesso em 21/07/2013.